Cidade e Sustentabilidade

Diagrama desenvolvido pelos alunos pesquisadores do eixo Cidade e Sustentabilidade: Carla dos Santos Kalluf, Eloiza Silveira, Isabella Roman Borges, Jayson Mota de Souza.

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CIDADE E SUSTENTABILIDADE

MANIFESTAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ARQUITETURA E URBANISMO A FAVOR DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA UMA CIDADE INCLUSIVA

A arquitetura tem se mostrado cada vez mais um importante instrumento de transformação, não só da paisagem urbana no sentido estético, mas também da forma como percebemos e interpretamos nossas cidades.

O modelo de cidade em que vivemos tem sido cada vez mais analisado e posto à prova, servindo de base e ajudando a criar parâmetros para a cidade em que queremos viver no futuro. 

Não bastam mais uma praça aqui e outra ali, grandes avenidas e transporte para todos. Queremos que as cidades sejam inclusivas, ou seja, que ofereçam oportunidades, senso de igualdade, qualidade, segurança e mobilidade. Que tenha empatia com todas as realidades, considerando todas as vozes e levando em conta seus anseios e aspirações.

Vários eixos devem ser levados em conta, para que esse senso de inclusão seja percebido pelas pessoas e dentre eles, destacamos a Sustentabilidade.

Uma palavra que já se tornou corriqueira pra nós, mas sabemos qual o seu significado?

A palavra sustentabilidade deriva do latim sustentare e significa apoiar, conservar e cuidar, ou seja, é a capacidade de conservação de um processo ou sistema, abordando a maneira como se deve agir em relação à natureza e ao meio ambiente.

Porém, exercer a sustentabilidade e tornar sua prática constante em nosso dia-a-dia, tem se mostrado um enorme desafio a ser cumprido.

Com o surgimento de várias ideias e ações, veio a necessidade de coordenação e ajustes, para juntas fazerem sentido como um todo e não se tornarem práticas isoladas. Era preciso estabelecer um objetivo e identificar maneiras de atingi-lo, norteando as ações de modo geral.

A partir daí, começou a se falar em Desenvolvimento Sustentável, englobando as esferas sociais, políticas, econômicas e culturais à preservação do meio ambiente.

Com o objetivo de oferecer uma direção e orientação frente a esses desafios, a ONU criou em 2015, 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem atingidos até 2030.

Dentre eles, o ODS nr 11, diz respeito a “Tornar as cidades e os assentamentos urbanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”.

O item 11.6 trata de “Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros.”

A partir daí, cada país, junto a seus estados e cidades, tem buscado formas de tornar suas cidades inclusivas e sustentáveis.

Como cidades sustentáveis, entendemos aquelas que buscam evitar o esgotamento do meio ambiente, garantindo assim sua permanência para as gerações futuras. A crescente migração das áreas rurais para as áreas urbanas tem se tornado um fator preocupante para as cidades, pois só agrava problemas já conhecidos como a poluição e a má gestão dos recursos naturais.

As cidades que buscam ser sustentáveis, se baseiam em 3 pilares:

Econômico: deve incentivar a produção, distribuição e utilização das riquezas produzidas pelo homem, buscando uma justa distribuição de renda;

Social: deve oportunizar a igualdade dos indivíduos, baseada no bem estar da população, promovendo a participação ativa desta, com intuito de fortalecer as propostas de desenvolvimento social, acesso à educação, cultura e saúde;

Ambiental: deve promover o uso racional, mantendo a conservação e a manutenção do meio ambiente. O objetivo principal é que os interesses das gerações futuras não sejam comprometidos pela satisfação das necessidades da geração atual.

Como a questão ambiental está intimamente ligada ao conceito de sustentabilidade, para se alcançar esse título é importante que as cidades:

  • façam a destinação correta e reaproveitamento dos resíduos sólidos;
  • ofereçam água de qualidade sem esgotar mananciais;
  • reaproveitem a água da chuva;
  • criem e utilizem fontes de energia renováveis.

A boa notícia é que várias cidades no mundo e no Brasil, tem se destacado e contribuído com excelentes práticas voltadas para a sustentabilidade.

A globalização e a internet, tem divulgado e disseminado essas práticas, contribuindo assim para um aumento da consciência por parte de toda a população.

 

Cidades Sustentáveis no Mundo:

Zurique – Suíça

Atualmente ocupa o 1 º lugar no ranking mundial.  Dentre as várias iniciativas, destacamos a “Área 2000 watts” (anuais/pessoa), que consiste em uma iniciativa que propõe certificar zonas residenciais com baixíssimo consumo energético. Atualmente a média anual é de 5000 watts anuais/pessoa, índice atribuído em sua grande parte aos gastos com aquecimento no inverno. Os edifícios que buscam receber esse selo, são construídos com cimento reciclado, perfeitamente isolados termicamente e próximos aos acessos para o transporte público, possuindo vagas para bicicleta em número igual ao de dormitórios.

Estocolmo – Suécia

Podemos destacar o sistema de coleta de lixo à vácuo. Para evitar o trânsito de caminhões de lixo, grandes emissores de CO2 e gases poluentes, a prefeitura instalou pontos de coleta de resíduos sólidos e orgânicos pelas ruas. Ao serem depositados nas lixeiras, os resíduos são sugados à vácuo para uma estrutura subterrânea e seguem por tubos à 70 km/h até uma central de coleta. Somente quando os containers dessas estações enchem, um caminhão faz o transporte até a usina de reciclagem.

 

Cidades sustentáveis no Brasil:

O Brasil tem buscado melhorar suas cidades através de várias ações. Em 2015 o país assinou o Acordo de Paris e apresentou suas metas:

  • alcançar a participação de cerca de 45% de energias renováveis (eólica, solar, de biomassa) na composição da matriz energética até 2030;
  • promover tecnologias limpas, eficiência energética e infraestrutura de baixa emissão de carbono na indústria;
  • fortalecer o cumprimento do Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), que trata da proteção à vegetação nativa, inclusive no âmbito municipal;
  • restaurar e recuperar florestas, em um total de 12 milhões de hectares, para múltiplos usos, até 2030.

Essas metas são difíceis de acompanhar, quando pensamos no Brasil como um todo, ainda mais num país continental como o nosso.  É através das ações nos estados e municípios, que conseguimos identificar pequenos avanços na sustentabilidade, como vemos nos exemplos a seguir:

Curitiba:

Já é possível identificar inúmeros benefícios, promovidos por várias ações ao longo de décadas. A cidade possui hoje 64 m2 de área verde/ habitante e tem a melhor qualidade do ar dentre as capitais brasileiras. Outra ação importante, tomada desde a década de 70, é o controle de cheias através de seus parques, canais e rios, que distribuem a água da chuva de forma adequada.

Londrina:

Destacamos o programa Cesta Verde. Voltado à conscientização ambiental, promove a troca de lixo reciclável por alimento, sendo que 2 kg de lixo reciclável equivalem a 1 kg de alimento. Toda sexta-feira, um bairro da cidade é elegido pela Secretaria do município para sediar a troca.

Joinville:

Podemos citar o programa implementado em 2010, “Reinventando o espaço escolar”, que busca oferecer às crianças, maior interação com a natureza e diversas possibilidades de aprendizagem.

Existem também diversas ações na área da mobilidade, investindo na melhoria do transporte público e na otimização do tráfego.

Quando falamos em questões ambientais, são as empresas que estão a frente de várias ações na cidade, conforme os exemplos a seguir:

Termotécnica – Fabricante de EPS: Criou o Programa Reciclar EPS, onde recolhe as embalagens usadas de isopor, recicla o produto e fornece a matéria prima para outras empresas, que dão novos usos ao produto.  Também substituiu todo combustível derivado de petróleo utilizado na empresa por biomassa, a partir de 2019.

Perini Business Park – Condomínio industrial de empresas: Possui uma ETE (Estação de tratamento de Esgoto), para tratar todo o esgoto sanitário produzido pelos mais de 6000 colaboradores e uma ETA (Estação de tratamento de água) está em fase de licenciamento, buscando aproveitar a água de 2 poços artesianos existentes no parque.  O condomínio também desenvolve um trabalho de educação ambiental com escolas e com a comunidade, através de trilhas criadas em meio a uma área de 34 mil m2 de mata nativa.

 

CONCLUSÃO

Podemos perceber que ainda há muito a ser feito para sermos uma cidade sustentável. Precisamos oferecer mais praças e/ou parques, criando mais áreas verdes para a população, aumentar a conscientização sobre a coleta de lixo reciclável, ofertar mais lixeiras pela cidade e incentivar o uso da bicicleta, não somente com mais ciclovias, mas com uma integração destas à malha de transporte urbano.

O caminho é longo e árduo. Exige uma ampla parceria entre o poder público, as empresas privadas e a população, onde todos exercem papeis importantes e fundamentais. Devemos nos manter informados e prontos para participar e discutir sobre esse novo modelo de cidade que queremos. Mudar nunca é simples, mas cabe a nós sermos os agentes dessa mudança.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.swissinfo.ch/por/politica/efici%C3%AAncia-energ%C3%A9tica_sociedade-a-2-mil-watts-o-futuro-j%C3%A1-%C3%A9-uma-realidade/41951760

www.nacoesunidas.org

www.wricidades.org

www.ndmais.com.br

www.nsctotal.com.br

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www.rastro.eco.br